16/12/2014

#Tecnologia da Informação : Mulheres Inspiradoras - Após caso de sexting, professora do DF cria projeto e ganha prêmio

  • Dos 187 alunos do 9º ano, 110 se engajaram na leitura dos livros sobre 'mulheres inspiradoras' e, ao final do ano, escreveram a biografia de uma personalidade feminina -- famosa ou não
Uma aluna de 13 anos do Centro de Ensino Fundamental 12, em Ceilândia, gostava de enviar vídeos em que ela dançava com poucas roupas. O material logo se espalhava e os colegas a reprovavam, faziam comentários hostis. Mas a garota seguia provocando a turma com novas publicações.
O caso de sexting, que aconteceu no ano passado, chamou a atenção da professora de português Gina Vieira Ponte. "O que eu percebi é que a menina encontrava nos vídeos uma forma de chamar atenção, de ser vista", conta.
"Comecei a ver que eles postavam muito conteúdo erótico e que desvalorizava a mulher", diz a professora. Ela mostrou aos alunos, no começo do ano, fotos de mulheres que estão na mídia e personalidades históricas: "Os alunos só reconheceram as famosas. Aí pude ter uma ideia do exemplo de mulher que eles tinham".

Mulheres Inspiradoras

Gina elaborou, então, um projeto de valorização da mulher e incentivo à leitura para os alunos do 9º ano. Chamado de "Mulheres Inspiradoras", ele foi criado no início deste ano e instituído na grade curricular dentro da disciplina Projeto Interdisciplinar. 
Após o diagnóstico, seus 187 alunos leram seis livros. Entre as obras estavam "Quarto de Despejo", da escritora brasileira Carolina Maria de Jesus, "Eu Sou Malala", da paquistanesa Malala Yousafzai "Diário de Anne Frank".
A turma se engajou no projeto interdisciplinar e cerca de 110 alunos leram os livros e chegaram à fase final do projeto, que era criar uma biografia da "mulher inspiradora". Como? Os estudantes conheceram biografias de mulheres que lutaram por uma causa. Depois, eles discutiram a posição da mulher na sociedade usando a internet para as conversas em grupo. Por fim, produziram seus próprios textos, sobre mulheres notáveis da história ou personagens de suas comunidades.

Mudança de comportamento

Para Gina, a história que mais chamou sua atenção foi a de Luísa*. Introspectiva, a menina de 14 anos costumava ficar isolada dos colegas. A professora já havia tentado, sem sucesso, descobrir qual era o problema dela.
De acordo com Gina, Luisa* se mostrou uma aluna brilhante durante o projeto. Após ler o Diário de Anne Frank, a aluna confidenciou que queria entrevistar a própria mãe, mas não achava que conseguiria.
Gina ajudou na conversa entre as duas. E Luisa* teve a entrevista que queria. "Em um início de semana, ela falou comigo emocionada que havia conseguido entrevistar a mãe. E que havia descoberto que era amada por ela [a mãe]", relata a professora. Isso causou uma mudança de comportamento na garota. De menina que nunca falava nada, ela acabou recitando um poema para cerca de 120 alunos da escola em uma homenagem à Gina.
Também durante a disciplina nasceu a banda 11D3. A banda criou composições durante o projeto. Os próprios garotos dizem que saber das histórias das mulheres inspiradoras mudaram o jeito deles agirem: "Eu achava que as mulheres não podiam fazer tanto como os homens. Hoje, eu mudei", diz Yury Gomes, de 15 anos.

Continuidade

No final de novembro, o projeto ganhou o 1º lugar do Prêmio Nacional Educação em Direitos Humanos, dado pelo MEC. O prêmio rendeu ao projeto R$ 15 mil. Gina disse que não sabe ainda como vai ser investido o prêmio. Porém, há o plano de transformar as redações dos alunos em um livro. A professora diz que o livro seria uma forma de documentar o que foi feito durante o ano.
De acordo com a diretoria da escola, o projeto deve continuar em 2015. Como novos alunos estarão no 9º ano, a turma será totalmente diferente. Ou seja, no ano que vem estudantes vão poder ter acesso novamente a histórias de mulheres inspiradoras.

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