12/09/2012

Mulheres são maioria com nível superior, mas homens dominam mercado de trabalho

Mulheres são maioria com nível superior, mas homens dominam mercado de trabalho

Brasileiras recebem mais diplomas, mas homens ocupam maior parte das vagas e ganham mais

Carlos OrsiA proporção de mulheres brasileiras com títulos acadêmicos de nível superior é maior que a de homens – a parcela da população feminina adulta com diploma é de 12%, ante 10% da masculina – mas esse dado sofre uma inversão no mercado de trabalho. Quando se analisam as pessoas que atuam em funções de nível superior, 91% dos homens estão empregados, contra 81% das mulheres.



Os números fazem parte da mais recente edição do relatório Education at a Glance , publicado pela OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico). Embora o Brasil não seja membro da OCDE, formada majoritariamente por nações europeias, os dados do País foram incluídos no relatório para fins de comparação.



O descompasso brasileiro entre a proporção de mulheres formadas e de mulheres empregadas acompanha a tendência registrada, também, dentro da OCDE. Em média, 32% das mulheres adultas dos países-membros têm nível superior, ante 29% dos homens, mas “as taxas de emprego das mulheres são menores que as dos homens, sem exceção, em todos os países” da organização.



A diferença média é de nove pontos porcentuais, mas há casos em que ela supera os 20 pontos. O país que mais se aproxima da igualdade é a Noruega, com 91% dos homens adultos diplomados empregados, ante 89% das mulheres.



Países como Canadá, Japão, Nova Zelândia e EUA têm mais mulheres com nível superior do que a média da OCDE, mas a presença dessas mulheres no mercado de trabalho fica abaixo da média da organização.



O relatório propõe medidas como um aumento da disponibilidade de serviços de creche ou a subsídios para a educação infantil como um benefício à trabalhadora. “A remoção de barreiras que impedem a participação de mulheres altamente qualificadas no mercado de trabalho poderia beneficiar o crescimento econômico”, diz o texto.



Renda





Dos países analisados pelo relatório, o Brasil ainda é, como apontado no trabalho divulgado ano passado, aquele onde o diploma universitário mais agrega renda: um brasileiro formado em curso superior pode esperar ganhar, em média, 2,5 vezes mais que um brasileiro que tenha apenas completado o ensino médio, e quase três vezes mais que um cidadão sem ensino médio completo. Na OCDE, as taxas são de 1,6 (sobre ensino médio completo) e 1,9.



O relatório nota que o ganho de renda se mantém a despeito no aumento no número de pessoas qualificadas por ensino superior: “A tendência dos dados (...) sugere que a demanda por indivíduos com educação terciária acompanhou o aumento da oferta na maioria dos países”.





Embora a formação superior aumente a renda em ambos os sexos, os homens ganham mais com cada nível educacional alcançado: a renda de um brasileiro com diploma universitário pode ser até 2,7 vezes superior à de um que só tenha ensino médio, e 3,2 vezes maior que a de um homem sem diploma colegial, mas a mulher ganha, 2,6 a mais que uma com ensino médio, e 3,1 a mais que uma mulher sem esse grau de instrução.



As mulheres também demoram mais para atingir seu potencial máximo de renda: a faixa etária mais bem remunerada, para as detentoras de diploma, é a de 55 a 64 anos. No caso dos homens, a renda é maior entre 25 e 34 anos, declinando depois, a partir dos 55. A pior situação, no Brasil, é a da mulher sem ensino médio: sua renda é de apenas 47% da de uma mulher com diploma colegial (no caso dos homens, a renda é de 53%).



No geral, a mulher brasileira com nível superior ganha, em média, apenas 61% do que ganha um homem com o mesmo nível de instrução. Na média da OCDE, a renda da mulher com nível superior é 72% da do homem. Os países mais próximos da igualdade são Reino Unido (82%) e Espanha (89%).



Escolha de carreira





No Brasil, 40% dos meninos e 50% das meninas de 15 anos esperam ter uma carreira no campo da ciência ou da engenharia, de acordo com o relatório da OCDE. Na média dos países da organização, as taxas são de 33% em ambos os sexos. A discrepância é maior na área de saúde: apenas 14% dos meninos brasileiros se veem atuando nesse setor, ante 32% das meninas. Na média da OCDE, os números são 7,4% e 19,7%, respectivamente.



Em 2010, 63% de todos os títulos acadêmicos de nível superior concedidos no Brasil foram recebidos por mulheres. Elas são maioria – representando de 52% a 77% do total de títulos – nas áreas de Educação; Humanidades e Artes; Saúde; Ciências Sociais, Direito e Administração; e Serviços. Tornam-se minoria, no entanto, nos setores de Engenharia, Manufatura e Construção (28%); Ciência (38%); e Agricultura (41%).



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