26/05/2013

Projeto Esquerda x Direita

        Projeto Esquerda x Direita


Alguns negros/as, para escamotearem suas posições políticas dizem que entre esquerda e direita, sou negro/a.
Não adianta buscar escamotear suas posições políticas. Tem que se posicionar.
O processo de arianismo, sem sombra de dúvida é anterior ao surgimento do capitalismo.
Vem já desde a idade antiga o encobrimento histórico da presença negra nas civilizações .
Ébano, africano, depois negro, assim foi se tentando criar termos que buscassem explicar a presença negra no decorrer da história da humanidade.
A rivalidade entre os diferentes grupos humanos na disputa por espaços, buscas de formas de sobrevivência, desenvolvimento da religiosidade ,  desenvolvimento da produção através de novas técnicas, busca de ampliação territorial, busca de novos mercados, criação de novas superestruturas, criação e desenvolvimento de novas classes sociais, ampliação das formas de poder e dominação.
Todos esses entes em choques ao longo da história da humanidade, explicam o desenvolvimento dos grupos humanos, o surgimento dos grupos, das aldeias, das cidades, das civilizações.
As diferenças culturais, de localização, da língua, das crenças religiosas, dos traços fisionômicos, as diferenças de interesses, criaram a xenofobia, ou seja, a rejeição do diferente.
Esta xenofobia, desenvolveu os conflitos, face aos mais diferenciados interesses entre os grupos, surgindo já na antiguidade o arianismo, de que se beneficiaram os gregos, em relação aos egípcios, os romanos que assumiram novo poder em relação aos gregos e outros povos da época.
O termo negro, uma criação dos europeus carregava em si a depreciação em relação aos povos da África e de pele escura e cultura bem diferente.
Com o advento do capitalismo teses e práticas existentes ganham uma nova dimensão.
Escravidão, servidão, todas as formas de exploração do trabalho humano, passam por profundas modificações.
A questão fundamental é que o capitalismo, criado na Europa, é o principal responsável pela escravização negro/africana e suas conseqüências atuais.
Como já dizia Malcom X, não existe capitalismo sem racismo.
Por isso o Movimento Negro Contemporâneo tem como uma das suas principais bandeiras, a luta incansável pela derrocada do capitalismo.
Sabemos, também, que mesmo os agrupamentos de esquerda, trazem em seu bojo o ranço racista e, querem nos utilizar para seus projetos Socialistas, que eles entendem como amplos e universais e, que o combate ao racismo, faz parte de uma ação pontual e, que a implantação do socialismo eliminará todos os males. Pensam e agem de acordo com este ponto de vista. 
São simplista e estreitos na sua proposta  política, pois tem o racismo introjetado  em suas visões de mundo.
Digo visões, pois se constroem nas mais diferenciadas formas de concepções políticas e o capitalismo e todas as suas vertentes políticas tem tirado proveito historicamente desta situação.



Há um ataque sim ao Projeto da Esquerda no Brasil, hoje.
Assim como o capitalismo que se estrutura em várias vertentes, a esquerda também se compõem em vertentes, com a diferença que o capitalismo está estruturado em séculos de existência e, o socialismo, o comunismo, tem menos de um século de existência prática. Pelo menos tendo como base o marxismo, que avança em termos teóricos a partir de meados de 1848 , na Europa.
Em relação ao Brasil, na atualidade, grupos que compõem o Partido dos Trabalhadores e, tem uma ascendência interna de um determinado campo majoritário, que desenvolveu uma proposta, que não chega a ser um projeto, como tem nos demonstrado a fragilidade com que abre-se fraturas na ação desenvolvida por este campo, na busca desenfreada de construção de uma tomada de poder pela ação institucional tradicional, ou seja, pelo voto popular.
Este campo capitaneado especialmente por José Dirceu e seus parceiros, em nenhum momento priorizou ter um jornal das esquerda diariamente nas bancas. Não montou estratégias para intervir junto às TVs abertas neste país e nem mesmo junto às rádios e TVs comunitárias.
Não buscou de fato fortalecer os movimentos sociais.
Movimento sindical, étnicos/raciais, estudantes, mulheres, sem terras, moradias, saúde, creches, religiosos, homossexuais, lésbicas e outros.
Um exemplo: o movimento de moradia foi um dos que mais elegeram parlamentares, neste país. Hoje, como se encontra? Fragilizado. Em São Paulo, inclusive, uma das principais lideranças se encontra foragida , sofrendo a ação do governo do estado, que busca criminalizar os movimentos sociais no estado de São Paulo.
Vários militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST , se encontram presos.
Parlamentares tomaram para si a infra-estrutura dos cargos de vereadores, deputados estaduais, federais, senados, secretarias municipais, estaduais e, mais recentemente até mesmo ministério.
Montaram gigantescas máquinas a serviços de pequenos grupos e até mesmo famílias.
São esses pequenos grupos, mas com um acúmulo aparelhístico, imenso que vem fazendo estrago no suposto campo de esquerda.
Usando do corporativismo exacerbado, do compadrio político, da ausência de formação e discussão política este grupo se fortaleceu atingindo proporções imensuráveis, chegando a conquistar importantes prefeituras, governo de estados e até  mesmo a presidência da República e, pensaram que está aberto o caminho para a tomada do poder político no Brasil.
Tentaram aparelhar o estado , que é dominado quase que totalmente  pelas forças capitalista que compõem o estado burguês.Utilizaram de métodos históricos que diziam combater e deu no que deu. Desmoralização de sua ações no aparelho do estado.
A mídia tirou proveito sim da situação.
E mantém guardado a sete chaves a corrupção que campeia na esfera governamental, nos municípios, nos estados e na esfera federal. Faz campanha sobre situações que lhe interessa, buscando desmoralizar a esquerda como um todo.
A briga é boa e está apenas no começo.
Os movimentos sociais darão a resposta através do aprofundamento das discussões, redefinição de eixos, reorganização dos movimentos sociais.

E nós do movimento negro estaremos ampliando nossas ações, tendo como bandeira principal REPARAÇÕES, rompendo com divisões no seio do movimento, realizando um Congresso do Negro Brasileiro em 2007, que inicie nos municípios, nos estados, nas regiões , com conformação setoriais para eclodir num grande Congresso Nacional que aponte as novas bandeiras a serem encaminhadas como norte na luta do negro a partir deste novo século.
Como dizia Amílcar Cabral: “A luta continua e a vitória é certa”.

Por Milton - MNU

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